Tenho me perguntado como posso explicar a mim mesma a Holarquia da Organic Design além de um protocolo de comunicação.
Minha primeira impressão é que é preciso desaprender conceitos que distorcem a ideia de interdependência, bem como desmistificar o que é comportamento egoísta ou individualista e repensar os aspectos evolutivos e participativos que envolvem o trabalho conjunto. Da mesma forma, considerar o local e o global na vida cotidiana, onde a interação do individual e do coletivo nos proporciona conhecimento participativo e constrói novas redes de significados, mas encaminhando para uma direção e propósito comum: a harmonia.
Por outro lado, pude observar que a Holarquia ressoa significativamente nas pessoas, pois parece ser uma noção que já temos em nosso inconsciente coletivo. Em outras palavras, já está em algo não localizável onde estão registradas as representações do que somos como espécie, um conhecimento compartilhado que contém a herança de nossa evolução.
Assim, posso imaginar que a Holarquia é como uma associação que fazemos através da rede de símbolos e significados que estão em nossas mentes (microcosmo) que por sua vez estão em todo o inconsciente coletivo (macrocosmo). Como registro de uma interdependência dinâmica entre o individual e o coletivo que opera recursivamente.
Com isso quero dizer que a Holarquia tem a qualidade de já operar em nossas mentes de uma forma ou de outra, além de qualquer conceito ou ideia. Bem, há uma correlação de símbolos de nossa psique coletiva que tornam isso possível. Portanto, esta não é apenas uma rede de protocolos, mas é algo que está na ordem de um princípio fundamental, inerente a nós e que está operando em nossas mentes. A Holarquia pode ser como um todo não localizável, com um dinamismo evolutivo e ontológico capaz de recriar e reafirmar um mecanismo social com um objetivo comum.
A Holarquia que OD está articulando implica reconhecer que somos parte de um todo que opera como um processo constante de coevoluções, que articula, reajusta, reconfigura e cria significados. Para isso temos que passar por dois padrões comportamentais (autoafirmação e integração), sempre considerando que a participação coletiva e o apoio ao interesse de um todo devem ser benéficos em nível individual.
Isso nos abre ao reconhecimento de viver como seres individuais e coletivos potencialmente capazes de canalizar processos de liberdade e harmonia, sustentando e evoluindo, graças a um mecanismo que mantém um equilíbrio dinâmico nessas dicotomias que se correspondem.
Assim, suponho que temos como pré-condição uma estrutura coletiva (inconsciente coletivo que contém informações compartilhadas). E que, se for direcionado para o nosso bem-estar e integridade, autoafirmando-se e integrando processos dinâmicos individuais e coletivos, pode ser canalizado para a harmonia. Essa rede pode gerar uma experiência de reciprocidade e reconfiguração contínuas que nos possibilitaria uma nova ‘consciência’ (e certamente novas redes neurais), dando lugar ao nosso potencial de contribuição ativa para um sistema, para colaboração e auto-organização.
Se tivermos um protocolo de comunicação suficientemente bem canalizado, poderemos reconfigurar um padrão comportamental de organização que coopere para um único organismo harmonioso.
Assim, a Holarquia ressoa para mim como uma forma de compartilhar significados, reorganizando padrões que organizam nosso comportamento individual e coletivo. Criando a intersubjetividade como um processo vivo e recíproco no qual compartilhamos consciência e conhecimento de forma participativa.