Pesquisando aqui sobre Sociocracia e outros temas relacionados, esbarrei ontem com uma entrevista de 2001 do filósofo Pierre Levy no programa Roda Viva, da TV Cultura, emissora de TV brasileira. Tendo a vaga impressão de já ter ouvido seu nome, resolvi então assistir uns 10 minutos para entender quem era e do que falava. Parei uma hora e meia depois.
Falo sobre ele aqui porque o trabalho de Levy me parece conversar muito com o que queremos na Organic Design. Descrito como um “filósofo da informação”, ele introduz já nos primeiros anos da Internet ideias como a de uma ciber democracia, fortalecida, baseada na maior possibilidade de elaborarmos e comunicarmos nossas demandas, de termos transparência e facilidade de acesso a documentos e podermos ver e ser vistos por outros povos com mais facilidade.
Perguntado sobre regimes políticos de exceção e controle, Levy diz que será mais difícil para ditaduras se manterem com esta maior interação e todas estas possibilidades acontecendo. Hoje isto pode parecer óbvio, mas é bom lembrar que a entrevista é de nove anos antes da Primavera Árabe, iniciada em 2010. Alguns de seus principais livros são ainda de antes.
Entre os conceitos mais populares colocados por Levy está o de Inteligência Coletiva. Aqui,
Levy traz a ideia de que a Internet possibilitaria uma expressão muito mais livre e completa do indivíduo. Ao invés de você ser visto apenas como um carimbador de papel no seu ambiente de trabalho, um bebedor de cerveja no bar onde frequenta, um praticante da religião X em sua igreja ou um praticante do esporte Y em seu clube, na rede você pode se mostrar integralmente, criando ou encontrando novos círculos, mesmo que não presenciais, e mostrando-se por completo para todos.
É mais ou menos a partir daí que Levy apresenta então a ideia de Árvores do Conhecimento, uma de suas mais populares. Na rede, nos conectando e vendo com mais integralidade quem são as pessoas conectadas a nós, podemos nos relacionar tendo como pano de fundo uma noção da potencialidade de cada relação. Posso antever a somatória de conhecimentos do grupo de pessoas do qual faço parte, o que posso aprender e o que posso ensinar, criando assim essa noção de uma inteligência realmente compartilhada.
Ele fala ainda de Inteligência Coletiva, que é a construção de sinergia entre as inteligências individuais em um ambiente, da qual resulta a criação de ferramentas de pensamento mais poderosas, como a Internet e a própria Escrita. Levy conecta tudo isso em obras como As Tecnologias da Inteligência (1990), As Árvores do Conhecimento (1993) e Cibercultura (1997).
Tentei encontrar algum material mais abrangente que tivesse legendas disponíveis mas tive dificuldade. Infelizmente a entrevista do Roda Viva só está legendada em português. De qualquer maneira, deixo aqui o link para ela e o incentivo para que você procure conhecer um pouco mais sobre Pierre Levy. E se encontrar algum bom link neste sentido, por favor compartilhe aqui!